quarta-feira, 18 de julho de 2012

O homem de preto fugia pelo deserto e o pistoleiro ia atrás.
 

O deserto era a apoteose de todos os desertos, imenso, estendendo-se para o céu no que parecia ser eternidade em todas as direções. Era branco e ofuscante e seco e sem feições a não ser o débil, enevoado traço das montanhas que se esboçavam no horizonte e a erva do diabo que trazia sonhos doces, pesadelos, morte. Uma ocasional placa mortuária indicava o caminho, pois antigamente a trilha poeirenta que avançava pela espessa crosta alcalina fora uma rodovia. Diligências e carroças tinham passado por lá. O mundo havia continuado desde então. O mundo havia se
esvaziado.


A Torre Negra - Volume I: O Pistoleiro


domingo, 15 de julho de 2012

   O poodle correu para a rua arrastando a coleira
vermelha atrás de si com a alça na ponta. Uma limusine preta o atropelou
antes de ele conseguir atravessar a metade da rua. Fofura em um
instante, entranhas no outro.
   O pobrezinho já devia estar latindo no paraíso dos cãezinhos antes de
descobrir que estava morto, pensou Clay. Compreendeu de uma maneira
vagamente clínica que estava em estado de choque, mas aquilo não
modificou a profundidade do seu assombro. Ficou parado com o
portfolio pendendo de uma das mãos e a sacola de compras marrom
da outra, boquiaberto.



CELULAR - Stephen King